Brevíssimo Ensaio - O Processo Criativo

Espera-se e tarda que a inspiração nos mie ao ouvido um merecido encómio, uma observação oportuna, uma imagem de enlevo.
A coisa inspirada é felina e sombra, foge-nos e esconde-se quando corremos atrás dela, surge por vontade própria, em pés de vento.
Com tal subtileza arranha a imaginação, que coçamos o couro, absortos na procura, confundindo-a com o sortilégio de uma brisa de desalento que arrepia o oco do crânio.
Procura-se, então, a arte nos artifícios líquidos que extasiam o espírito, nos sons bucólicos que apaziguam a neurose ou nas memórias de amores que nos fervem o sangue. Sulca-se um aparo no osso, conjectura-se um pincel de cabelo, e pinga a suor o que cisma no coração.

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