O andar, curvado pelo tempo, prenuncia o cabelo oleoso, luzidio, branco e prata, assertivo apenas à passagem das mãos tortas, rebelde onde se lhes escapa.
Os lábios, gretados, sopram as estórias que lhe fazem companhia, memórias que ninguém ouve.
A sua existência é inocente e esquecida: quem ele lembra, dele não se lembra; ou não vive.
E apaga-se todos os dias.
A carcaça não esconde o que é. Esconde o que foi.
[Publicado na Fanzine "COCOnut" p.17]
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