Mise en Céne do Mundo


O mise en céne está montado, abrem-se as cortinas para nos receber numa peça de acto único, mais improviso que guião. Somos tela em branco, partitura de choro breve e soluços em semicolcheia. Vamos gatinhando, caminhando, correndo e dançando pelo palco; procuramos escrever o nosso destino, ler os sinais que iludem ou adivinham o que nos está designado. Alicerçamos as nossas vontades. Escrevemos e pintamos. Procuramos dar vida ao barro e forma à vida, construir uma torre e uma ponte, um muro; provocar sorrisos, gargalhadas lágrimas e exclamações no público. Artesãos na arte de viver. Aprendemos a reter o tempo com magia ou ilusão, com um poema, uma tela, um retrato, com tinta, com som, com arte. Mas a clepsidra não pára, seca-nos as veias, e ficamos mais transparentes a cada expiração.

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